*Cecilia Demarque
Délio de Freitas
Giovanna Tavares
Marina Finco
Pamela Passarella
Thaís Lopes
Panorama histórico
Délio de Freitas
Giovanna Tavares
Marina Finco
Pamela Passarella
Thaís Lopes
Panorama histórico
Antecedentes
Após
o auge do império espanhol, na chamada Era dos Descobrimentos, a Espanha
gradativamente perde seu poder, domínio e estabilidade. Entre os eventos que
marcam o fim do antigo regime, estão a temporária tomada de poder e a derrubada
da dinastia Bourbon por Napoleão Bonaparte, em 1808, colocando seu irmão José
Bonaparte no governo, a Guerra de Independência e a Constituição Liberal de
1812. Em todo o desenrolar do século XIX,
a Espanha passa por outros conflitos internos e externos, que levam a sucessivas
trocas de poder e instabilidade social, política e financeira.
A
chegada da Revolução Industrial no país fez com que a Espanha experimentasse
certo crescimento, mas que não foi refletido em mudanças nas condições sociais
da população. Paralelamente, cresce em todo país o movimento operário. Uma das
tendências políticas mais populares entre os trabalhadores, principalmente na
região da Catalunha, é o anarquismo.
Durante
toda a década de 1930, a Espanha passa por instabilidade política. Em 1931, após
a renúncia do ditador Primo de Rivera e sob constante ameaça de guerra civil, é
proclamada a Segunda República. Após as eleições no fim deste ano, a esquerda
sai vitoriosa e Alcalá Zamora torna-se
presidente.
Em
1933, ocorrem novas eleições e quem ganha é a direita. A prisão de diversos
militantes e o fracasso do levante esquerdista levam os anarquistas a retomar o
apoio à esquerda nas eleições de 1936. Em 16 de fevereiro é confirmada a
vitória da esquerda com mais de 4 milhões de votos. Em maio, Manuel Azaña
assume a Presidência da República e, cerca de um mês depois, em 18 de junho, a
direita lança o golpe militar na esperança de que seja rápido e sem grandes
conflitos. Entretanto, a reação de milícias de diversas correntes políticas de
esquerda faz com a guerra civil se instaure em todo país.
Além
dos acontecimentos internos, também é necessário destacar o levante de diversos
governos autoritários em diferentes países europeus. Na Itália, Benito
Mussolini leva os fascistas ao poder, enquanto na Alemanha, Adolf Hitler inicia
o regime nazista e sua campanha de conquista mundial.
O conflito
Em
1936, a Espanha encontra-se em meio a um cenário de disputas entre ideologias
de direita e esquerda. Em eleições, ganha (por uma diferença de 100 mil votos)
a Frente Popular, formada por comunistas, anarquistas, trabalhadores e minorias
nacionais.
Para
combater propostas governamentais republicanas como a anistia geral, aplicação
da reforma agrária, modificação de leis e ampliação do ensino público primário
e secundário, os setores ultraconservadores se aliaram para formar a Falange
Tradicionalista Espanhola (composta por setores da classe média,
latifundiários, clero - menos o catalão e o basco - e oficiais do Exército) e organizar
um golpe militar.
O
golpe deu os primeiros sinais de vida na África, no Marrocos Espanhol, em 17 de
julho de 1936, onde se encontrava um contingente de 30 mil homens espanhóis. O
general Francisco Franco rebelou o Exército contra o governo republicano. A
revolta contava com a colaboração da Alemanha nazista e da Itália fascista, que
ajudaram no transporte das tropas da África para a Espanha sobre o estreito de
Gibraltar.
Em
solo espanhol, cidades como Madri e Barcelona resistiram, com a ajuda dos
militares de esquerda e aliados, porém, o governo constitucional não conseguiu
conter a situação. Em pouco tempo, o país ficou dividido e a persistência de
ambos os lados transforma a tentativa de golpe de Estado em uma Guerra Civil.
Nas
áreas republicanas, observou-se uma revolução social: as terras foram
coletivizadas, as fabricas e os meios de comunicação foram dominadas pelos
sindicatos. Ainda sim, em ambas as zonas, matanças eram efetuadas por meio de
fuzilamentos.
Em
10 de outubro, Francisco Franco foi nomeado chefe do governo do Estado e generalíssimo dos exércitos,
oficializando-se como líder da insurreição, apoiado pela Falange.
A
guerra seguiu enquanto grandes cidades foram ocupadas pelos nacionalistas e
Franco isolava o território republicano do Atlântico. Em abril de 1937, ocorre
o cenário mais sangrento da guerra civil espanhola: o bombardeio da cidade de
Guernica.
Desfecho
Após
cerca de três anos de conflitos e enfrentamentos entre as forças que apoiavam
Franco e os partidários da República, teve fim a Guerra Civil Espanhola, com a
rendição de importantes cidades para a resistência republicana: Madrid e
Barcelona.
A vitória de Francisco Franco, general que se tornaria o ditador da Espanha após a guerra, foi garantida pelo apoio que suas tropas receberam da Alemanha e Itália, governos fascistas que temiam o avanço do comunismo na Europa.
Com a ajuda de Hitler e Mussolini,
Franco rapidamente dominou o oeste e o sul do país. Hitler tinha um interesse
particular por essa guerra, pois serviria para testar sua nova força aérea.
Aviões alemães transportaram as tropas de Franco da África para a Espanha, e
100 aeronaves da Legião Condor deram o controle dos ares aos nacionalistas
(ALLAN, 1992, p. 41).
Além
do reforço militar concedido pelos nazi-fascitas, os exércitos de Franco eram
superiores aos republicanos em termos estratégicos e de unidade, o que culminou
na vitória Franquista em 1939.
Os
desdobramentos desse conflito civil não se limitaram apenas às baixas sofridas
- mais de 400 mil espanhóis morreram durante os anos da Guerra Espanhola. O
ataque à província de Guernica foi um marco na história do conflito,
imortalizado pelo pintor espanhol Pablo Picasso, no painel Guernica. A cidade contava com um número de habitantes inferior a 7
mil; em 26 de abril de 1937, os ataques das tropas alemãs começaram e Guernica
assistiu à morte de mais de 1.600 civis, fora o número de feridos, que chegou a
quase 900. Mais de 75% das residências foram completamente destruídas durante o
bombardeio (PILETTI; PILETTI, 1998).
A economia
da também foi severamente atingida e o Produto Interno Bruto (PIB) do país
sofreu uma redução de 30%, mergulhando a Espanha em uma crise econômica, que
perdurou até o fim do governo ditatorial de Franco.
Referências
bibliográficas:
ALLAN,
Tony. A sombra dos ditadores. 1. ed. Rio de Janeiro: Abril Livros Ltda, 1992.
PILETTI,
Nelson; PILETTI, Claudino. História e Vida: da Idade Moderna à atualidade. 19.
ed. São Paulo: Editora Ática, 1998.
SCHILLING,
Voltaire. A Guerra Civil na Espanha. Disponível em <http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/guerra_civil_espanha2.htm>.
Acesso em: 20 nov. 2012.
Análise: cobertura do conflito pelo jornal O Correio do Povo
Print de notícia do portal do Correio do Povo, em fevereiro de 2012 |
Jornalistas e historiadores têm o compromisso
com a realidade e a verdade. Entretanto, quando analisamos os textos que produzem
para a descrição de um fato, deparamo-nos com produções interpretativas, não
com reproduções exatas dos fatos. Por mais fiéis que tentem ser a um
acontecimento, o resultado final consiste em interpretações carregadas de
limitações ideológicas e perspectivas.
Em
um jornal, independentemente da dimensão de um episódio, a cobertura sempre
defenderá um conjunto de valores sócio políticos, que provêm de vários
aspectos, como a publicidade, fundamental para manutenção do capital financeiro
e, dependendo do período histórico, são limitados por repressões.
Um
exemplo de cobertura e posicionamento da imprensa brasileira foi durante o
período da Guerra Civil Espanhola, em que, além das limitações já citadas, destacava-se
um cenário hostil, tanto para os jornalistas, quanto para os jornais. Esse panorama
era decorrente da situação mundial; grande polarização e efervescência - o nazifascismo
contra o comunismo e o anarquismo.
Enquanto
explodia a Guerra na Espanha, em 1936, no Brasil o comunismo manifestava-se e
essa era uma preocupação para o Estado e a elite brasileira. O conflito espanhol
foi tomado não apenas como exemplo do que poderia ocorrer no Brasil caso o
comunismo avançasse, mas também como uma forma de justificar, junto à
população, o regime de força que se implantava no país.
Em
decorrência do Estado Novo, a imprensa brasileira foi submetida à censura. Foram criadas
ferramentas controladoras, como por exemplo, o Departamento de Imprensa e
Propaganda – DIP, que era o filtro do que poderia ou não ser publicado. Com o
aumento do cerceamento à liberdade de expressão, muitos jornais serviam como
veículo de divulgação ideológica do novo regime.
A maioria, como o Correio do Povo, O Globo e A Noite, divulgavam as notícias
relacionadas aos combates espanhóis por meio da reprodução dos telegramas que
recebiam das agências de notícias. De modo geral, os veículos forneciam
informações sobre os dois lados da guerra, mas os fatos eram remanejados de tal
maneira que conseguiam alcançar uma cobertura tendenciosa, fazendo críticas ao
lado dos republicanos espanhóis. Faziam
referências também também, em editoriais e artigos, entre os governos espanhol
e brasileiro, para relacionar o que poderia vir a acontecer no Brasil caso os
republicanos saíssem vitoriosos das eleições.
O
Correio do Povo, em alguns momentos,
se tornou “palco” de discurso do governo, auxiliando a divulgação de seus
ideais junto à opinião pública. Esse posicionamento se estendeu para parte da
cobertura da Guerra Civil Espanhola. Como o período não era favorável às forças
de esquerda, muitos jornais mantiveram compromissos coerentes com a posição do
governo, mas alguns como o Diário de
Notícias e O Jornal optaram por
uma cobertura menos passional. Por esse motivo, posteriormente foram colocados
sob censura. Um exemplo foi o ocorrido com o jornal O Estado de São Paulo, que foi invadido pela polícia, em 1940, e
permaneceu sob intervenção do DIP até o fim do Estado Novo.
Apesar dos posicionamentos pessoais por parte dos jornalistas, aliados à linha editorial dos veículos, os periódicos são essenciais a pesquisas históricas, para os mais diversos fins. Porém, é preciso levar em conta que toda a produção jornalística é parcial e, portanto, pode sugerir uma única visão dos fatos, de acordo com o posicionamento político dos proprietários do veículo de comunicação em questão.
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