GRUPO 10 - Ditaduras na América Latina: Chile (1973-1990) e Argentina (1966-1973)


Ditadura Chilena

Governos ditatoriais e ações promovidas, em sua maioria por militares. Foi assim que muitos países da América Latina reagiram ao comunismo. Através de um ideal de combate a esse sistema, muitos países sofreram golpes de Estado provocados por militares. O Chile é um dos países desta lista.

Eleições presidenciais

Fonte: R7.com

O político socialista Salvador Allende Gossens, candidato da Unidad Popular (UP), partido de esquerda, foi eleito presidente do Chile em 3 de novembro de 1970. Com 36,3% dos votos venceu dois partidos de direita, o Partido Nacional (PN) e o Partido Democrata-Cristão (PDC).

“Em termos mais diretos, nossa tarefa é definir e pôr em prática, como a via chilena ao socialismo, um modelo novo de Estado, de economia e de sociedade, centrado no homem, nas suas necessidades e nas suas aspirações... Não existem experiências anteriores que possamos usar como modelo, temos que desenvolver a teoria e a prática de novas formas de organização social, política e econômica, tanto para a ruptura com relação ao subdesenvolvimento, como para a criação socialista...”. (GOSSENS, Salvador Allende – 1971)

Allende acreditava em uma revolução democrática que traria para dentro do país o regime socialista, independente do modelo soviético, o que trouxe diversas controvérsias e separações internas para o país. Mas para o então presidente chileno, a estabilidade política do país, baseada em respeito às instituições e à legalidade constitucional fazia do Chile um país forte e original o suficiente para arcar com esse novo sistema. Allende queria nacionalizar o país.

“Embora o Chile possuísse ainda muitos problemas sociais por resolver, uma revolução democrática de seus problemas estaria mais de acordo com a tradição política do país do que soluções autoritárias ou revoluções violentas”. (LIEUWEN, Edwin – 1960, pág 169).

Insatisfação

Os ideais nacionalistas de Allende bateram de frente com os interesses da burguesia chilena, dos Estados Unidos e das oligarquias de seu país, fazendo com que apoiassem os movimentos de oposição ao governo socialista.

A crise, já presente no Chile, se intensificou em 1971 quando o governo dos EUA estabeleceu um bloqueio informal ao país.
 
Sem a produção suficiente de bens de primeira necessidade para a nação e sem poder importar esses produtos - já que o Chile era dependente das importações estadunidenses -, o mercado negro de alimentos e a falta desses produtos atingiu grande parte da população chilena, principalmente às classes mais pobres. A burguesia, devido ao apoio aos Estados Unidos, possuía acesso a esses bens através do mercado ilegal.

Com a instabilidade econômica chilena, a oposição ganha forças contra o governo de Allende, e em 1972 intensificam-se as mobilizações das camadas médias da sociedade junto a alguns oficiais das Forças Armadas chilenas. Neste mesmo período a organização fascista Patria y Libertad (grupo paramilitar de extrema direita), composta pela média classe alta, promovia boicotes e manifestações violentas para protestar contra o ex-presidente.

A situação se deteriorava, quando entre agosto e outubro de 1972, a oposição criou o plano de desobediência civil para desestabilizar o governo. Em meio a sabotagens, em 9 de setembro ocorreu a greve de caminhoneiros, financiada pelos EUA, que impediu o plantio da safra de 1972/73.

O governo se preparou para defesa e constituiu um gabinete cívico-militar para tentar obter o apoio das Forças Armadas. Mesmo em meio aos problemas no país, a maioria da população pobre e os trabalhadores ainda apoiavam Allende. Eles faziam a organização dos alimentos para que os mesmos fossem distribuídos de forma igualitária e chegassem a todos.

Da tentativa ao golpe

Em 29 de junho de 1973 aconteceu a primeira tentativa de golpe ao ex-presidente. Porém, como não tinham apoio global de todas as forças oposicionistas, o governo conseguiu neutralizar a ação com a ajuda do general Prats, o último oficial legalista das Forças Armadas.

Mas o alívio de Allende não durou muito. Os golpistas articularam um plano para desprestigiar Prats, o qual renunciou ao cargo. Então o ex-presidente promove o general Augusto Pinochet ao cargo que pertencia a Prats.

Allende percebe o enfraquecimento político que seu projeto enfrenta e convoca um plebiscito no qual a população votaria por sua continuidade no poder ou não. Caso perdesse, a presidência seria de Eduardo Frei do PDC e presidente do Senado.

Em 11 de setembro, o então presidente faria em anuncio público o resultado do plebiscito. Porém Allende não desconfiava que consultar Pinochet, sobre seu discurso para aquela noite, traria consequências tão graves.

Com a informação em mãos, Pinochet mobiliza as forças oposicionistas e antecipa o golpe militar que aconteceria entre o dia 15 e 16 de setembro afim de camuflar a movimentação das tropas em meio ao tradicional desfile militar de 19 de setembro.

11 de setembro de 1973

Sons de aviões sobrevoando o centro da cidade de Santiago. O Palácio de La Moneda é cercado por tanques das Forças Armadas e as águas chilenas são invadidas pela Marinha dos Estados Unidos. O golpe de Estado, comandado por Pinochet, acaba de começar.

Às 6h20 da manhã, Allende recebe uma ligação informando-o sobre o golpe militar abandona a casa presidencial e, escoltado por 23 homens armados, retorna ao Palácio. Ciente da gravidade da situação, deu as primeiras instruções para a defesa do prédio.

Pouco depois fez seu último discurso ao povo, na Rádio Magallanes, da Central Única dos Trabalhadores – a única não tomada pelas tropas até aquele momento.

“Seguramente, esta será a última oportunidade em que poderei dirigir-me a vocês. A Força Aérea bombardeou as antenas da Rádio Magallanes. Minhas palavras não têm amargura, mas decepção. Que sejam elas um castigo moral para quem traiu seu juramento: soldados do Chile, comandantes-em-chefe titulares, o almirante Merino, que se autodesignou comandante da Armada, e o senhor Mendoza, general rastejante que ainda ontem manifestara sua fidelidade e lealdade ao Governo, e que também se autodenominou diretor geral dos carabineros. Diante destes fatos só me cabe dizer aos trabalhadores:
Não vou renunciar! Colocado numa encruzilhada histórica, pagarei com minha vida a lealdade ao povo. E lhes digo que tenho a certeza de que a semente que entregamos à consciência digna de milhares e milhares de chilenos, não poderá ser ceifada definitivamente. [Eles] têm a força, poderão nos avassalar, mas não se detém os processos sociais nem com o crime nem com a força. A história é nossa e a fazem os povos.
Trabalhadores de minha Pátria: quero agradecer-lhes a lealdade que sempre tiveram, a confiança que depositaram em um homem que foi apenas intérprete de grandes anseios de justiça, que empenhou sua palavra em que respeitaria a Constituição e a lei, e assim o fez.
(...) Trabalhadores de minha Pátria: tenho fé no Chile e seu destino. Superarão outros homens este momento cinzento e amargo em que a traição pretende impor-se. Saibam que, antes do que se pensa, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor. Viva o Chile! Viva o povo! Viva os trabalhadores! Estas são minhas últimas palavras e tenho a certeza de que meu sacrifício não será em vão. Tenho a certeza de que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a perfídia, a covardia e a traição
.” (GOSSENS, Salvador Allende - 11 de setembro, 1973)

Após seu discurso a junta fascista pede a rendição e renúncia do presidente oferecendo a ele, sua família e colaboradores, transporte aéreo para que abandonassem o país.
“Como generais traidores que são não conhecem os homens de honra”, diz Allende em recusa ao pedido.

Mais de 200 homens da tropa fascista de infantaria avançam pelas ruas de Santiago em direção ao Palácio – que era protegido por menos de 40 homens a serviço do governo – e abrem fogo contra o prédio.

O ex-presidente e seus homens respondem ao ataque fazendo com que as tropas fascistas não consigam avançar. Começam os ataques aéreos. As explosões atingem o centro do Palácio e quebram as janelas próximas de onde o Allende estava e os estilhaços lhe ferem as costas.

As tropas invadem o segundo andar e vão até o Salão Vermelho do prédio, onde ocorre a morte de Salvador Allende Gossens. Para tal existem diferentes versões: uma diz que foi morto em combate, outra que foi vítima de assassinato e uma terceira, que o presidente se suicidou por não querer se render.

A verdade sobre a morte do presidente veio à tona em 29 de dezembro de 2011. O juiz Mario Carroza, decretou fim às investigações após receber relatório da perícia a que foram submetidos os restos mortais de Allende.

De acordo com a perícia judicial, o ex-presidente morreu pouco antes do meio-dia daquele 11 de setembro. Ele apoiou seu AK-47 – fuzil dado por seu amigo, o ex-líder cubano Fidel Castro – sob o queixo e disparou duas vezes.

Com a morte de Allende, Pinochet anuncia-se o novo presidente do Chile.


Nasce a ditadura chilena – (1973 a 1990)

Fonte: DN. Globo


Depois de ter seu líder morto, os chilenos sabiam que o dia 11 de setembro de 1973 seria o início de tempos ferozes.

Com a justificativa de impedir a nacionalização dos bancos e das minas de cobre chilenas, Augusto Pinochet liderou o golpe militar que representa o início de um regime de repressão contra o povo.

“No Chile não há uma folha que se mova sem que eu saiba” (PINOCHET, Augusto). Pinochet se torna o presidente do país e um dos maiores ditadores do mundo.
O objetivo do ditador era a sinestesia de uma economia de livre iniciativa com um Estado autoritário.


“Operação Condor”

Ditadores, comandantes militares e agentes civis do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Chile, o Cone Sul das Américas, reúnem forças de repressão em 1975 para sequestrar, torturar e assassinar opositores às ditaduras militares.

Após o golpe de Estado contra o Chile, Pinochet ergue mais uma ação de terror contra os chilenos. Mais uma vez apoiado pelo então secretário de Estado Norte-Americano Henry Kissinger, que ajudou a derrubar Salvador Allende, Pinochet lidera crimes contra os cidadãos que não aceitam a repressão.

Liberdade política, liberdade de expressão, liberdade de imprensa, programas sociais para a infância, direito à educação universitária, reforma agrária, sindicatos, organizações de serviço social, fábricas e minas - que foram devolvidas aos monopólios chilenos e estrangeiros, foram algumas de muitas perdas dos chilenos diante à ditadura. Pinochet também aboliu os partidos políticos e a Central Unitária de Trabalhadores (CUT), e instaurou a censura de imprensa no país.

Um período de 17 anos de ditadura, crimes, torturas e assassinatos cercaram a vida dos chilenos. Mais de 150 mil chilenos foram para o exílio, cerca de 20 mil estudantes foram expulsos das universidades e os números de desaparecidos e mortos são controversos e volumosos. Estava claro o terror e repressão aos habitantes, principalmente opositores à ditadura Pinochet.

Em um ano de investigação ao período ditatorial chileno contra as violações dos direitos humanos, presidida pelo bispo Sergio Valech, foram colhidos os depoimentos de 35 mil vítimas torturadas no regime militar entre as mais de 100 mil.

O Relatório da Comissão Nacional sobre prisão política e tortura, nomeado por Ricardo Lagos – presidente do Chile de 2000 a 2006, que chefiou as investigações - divide a ditadura em três fases: na primeira, meses após o golpe militar, os jovens e organizações sociais ligados ao partido ao qual pertencia o ex-presidente, Unidad Popular, foram fortemente perseguidos e reprimidos; na segunda (1974-78) a oposição política se reorganizava e a violência tomou caminhos mais seletivos ao comando dos serviços secretos, a Dirección de inteligência Nacional (DINA); durante a terceira (1978-90) as ações da Central Nacional de Informaciones (CNI) passou por investigações e substituiu a DINA. Nesta fase, a tortura era generalizada em todas as prisões.

As formas mais usadas como tortura eram: açoites prolongados; ameaças de morte (por fuzilamento ou asfixia); choques elétricos; submetiam os prisioneiros a fome e frio; interrupção do sono; expunha-os a nudez e humilhações corporais, estupros (homens e mulheres); faziam com que assistissem às sessões de tortura e estupros dos outros prisioneiros - inclusive familiares - e os forçavam a beber a própria urina e comer os próprios excrementos.

O fim da era Pinochet

Apesar da liberdade que o ex-presidente Salvador Allende trouxe ao Chile com seu sistema socialista, a economia não ia tão bem no país após sua eleição. A nacionalização das empresas não gerava lucros nem boas relações políticas com outros países, como os Estados Unidos – apoiou o golpe militar de Pinochet.

Pinochet tentou reverter essa situação, e na década de 70 autorizou a entrada de capitais estrangeiros e a liberalização da economia, que melhoraram bastante a situação do país. Mas as crises econômicas internacionais do começo da década de 80 fizeram o Chile retroceder.

Complicações internas, aumento do desemprego, déficit da balança comercial e protestos populares contra a repressão leva o governo chileno à discussão sobre a continuidade do regime militar e da presidência de Pinochet.

A batalha de Pinochet chegava ao fim. Em 18 de fevereiro de 1988 é realizado um plebiscito, no qual o povo chileno decide não reeleger o presidente. Em 1990 é decidido o fim da ditadura, juntamente com a posse de Aylwin Azocar à presidência em 11 de março, vencendo o ex-presidente com 55% dos votos.

Os dois maiores feitos no mandato de Aylwin foram a criação da Comissão de Verdade e Reconciliação, Comissão Rettig, e um conjunto de projetos de lei destinado a proteger os direitos das pessoas.     

Crimes de Pinochet

 Fonte: Veja.com.br - Julgamentos da Comissão da Verdade

“No dia em que tocarem algum de meus homens se acaba o Estado de Direito", disse o ditador pouco antes de deixar o poder em março de 1990.
Porém, em 2000, a Suprema Corte despojou Pinochet de sua imunidade parlamentar para que pudesse enfrentar o julgamento de mais de 100 processos por crimes contra a humanidade.

As Nações Unidas e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos documentaram a prática da tortura e crimes que violentavam os direitos humanos, em 1975 contra Pinochet.

Em 1991, a Comissão Rettig confirma que durante o governo do repressor 1.068 pessoas foram assassinadas sem julgamento prévio e 957 desapareceram.

Morte

Às 15h15 do dia dez de dezembro de 2006 é anunciada a morte de Augusto Pinochet, aos 91 anos.

Segundo seu médico, Juan Augusto Vergara, Augusto morreu após complicações em seu estado médico. Ele havia sido internado no final de semana anterior, após sofrer um enfarte. Os médicos fizeram a implantação de uma ponte de safena, mas o ex-presidente e ditador não resistiu.

Ainda assim, mesmo após morto, os julgamentos pelas violações aos direitos humanos e casos de corrupção continuaram.



Ditadura Militar na Argentina

A Argentina sofreu com seis golpes de estado: 1930, 1943, 1955, 1962, 1966, 1976. Os quatro primeiros golpes estabeleceram uma ditadura provisória, enquanto os dois últimos apresentaram uma proposta de ditadura permanente.


Golpes pré-Ditadura Militar de 1976

1930 (- 1943): O primeiro golpe

Organizado pelo general José Félix Uriburu (1930-1932), o golpe inaugurou a Década Infame, marcada por corrupção e pela fraude eleitoral.

Uriburu entregou o cargo ao general Agustín P. Justo, verdadeiro mentor do golpe. O general Justo assinou o pacto Roca Runciman, que trouxe desvantagens comerciais ao país e favoreceu a economia britânica.

Mais tarde, o militar Roberto M. Ortiz venceu de forma suspeita as eleições.
Em 1942, Ortiz renunciou por conta de uma doença. O vice-presidente, Ramón Castillo, assumiu e em 1943 foi deposto pelo general Arturo Rawson.


1943 (- 1946): O segundo golpe e o Peronismo

Após a chamada Revolução de quatro de junho de 1943, o general Arturo Rawson tomou posse, mas três dias depois foi retirado do cargo e o militar Pedro Pablo Ramírez assumiu a presidência.

O governo de Ramírez sofreu grande pressão por parte do governo americano. Tal pressão fez com que as relações econômicas com a Alemanha e o Japão fossem rompidas e a decisão fez com que o seu ministro da Educação, Gustavo Martínez Zuviría, deixasse o cargo.

Em 9 de março de 1944, Pedro Pablo Ramírez passou o cargo de presidente da Argentina a Edelmiro Julián Farrell.

Entre os principais feitos de Farrell estão:

  • A declaração de guerra à Alemanha e ao Japão;
  • Sanção do Estatuto do Peão;
  • Criação da Justiça Nacional do Trabalho; 
  • Autorização da abertura de casas ou locais onde se exercia a prostituição


Em julho de 1945, Edelmiro Farrell anunciou que seriam realizadas eleições presidenciais e o povo argentino elegeu o coronel Juan Domingo Perón com 56% dos votos.

Perón assumiu a presidência do país em 24 de fevereiro de 1946. Os seis anos que passou na Casa Rosada trouxeram diversas transformações a Argentina. A estatização das ferrovias, empresas de telefonia, do petróleo e companhias de eletricidade, o crescimento industrial e a implantação dos novos direitos ao trabalhador foram as principais características do governo peronista.

Presidente populista, Perón deve boa parte de sua fama a atriz, Maria Eva Duarte, ou mais tarde, Eva Perón. Tida como a “mãe dos pobres”, Evita conquistou o direito feminino ao voto, o que ajudou na reeleição de seu marido.

As medidas populistas, a postura antiamericana e antibritânica, as grandes dificuldades econômicas, a excomunhão da Igreja Católica e principalmente, a morte de Eva Perón, foram fatores determinantes para o enfraquecimento de seu governo, encerrado em 1955. Após isso, Perón foi deposto por militares e se exilou no Paraguai.

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Fonte: Istoé.com.br - Evita e Juan Domingo Perón


1955(-1958), 1962(-1963) e 1966(-1973): revoluções, massacre, os dez “presidentes” e o retorno de Perón

Uma rebelião contra o governo é reprimida com o bombardeio da Plaza de Mayo. Em resposta, várias igrejas de Buenos Aires são incendiadas.

O general Eduardo Lonardi lidera a Revolução Libertadora, ação que tira Juan Domingo Perón do poder, fecha o Congresso Nacional e depõe os membros da Corte Suprema. 

Contudo, menos de dois meses depois, Lonardi entrega o cargo a Pedro Eugenio Aramburu.
Por conta do fracasso da convenção de reforma, Aramburu revoga a Carta de 1949 e reestabelece a de 1853.

A UCR (União Cívica Radical) divide-se em dois partidos: o antiperonista, creditado como “do povo” (UCRP) e apoiado pelo governo da “Revolução Libertadora” e, o “intransigente” (UCRI), liderado por Arturo Frondizi Ercoli – simpatizante do peronismo.

Frondizi venceu as eleições de 1958 graças a um pacto secreto firmado com Juan Domingo Perón, encerrando mais um ciclo dominado pelo militarismo.

Sob o governo de Frondizi, a produção de petróleo triplicou, projetos envolvendo a construção de hidrelétricas e extensas redes de rodovias foram iniciados. Seu governo foi vítima de seis tentativas de golpes, onde todos o obrigavam a ceder maior espaço de seu governo para os militares.

Arturo Frondizi anulou o antiperonismo em 1961 – o que fez com que o partido peronista vencesse as eleições do ano seguinte. As Forças Armadas exigiram a anulação das eleições, mas Frondizi não atendeu ao pedido, desencadeando o golpe militar de 29 de março de 1962. Golpe que o tirou do poder e o exilou na Ilha Martín García.

José Maria Guido assumiu a presidência e governou por um ano. Mais tarde, uma nova eleição colocou Arturo Umberto Illia na Casa Rosada, com 22% dos votos (o peronismo apoiou a abstenção e o voto em branco naquela eleição).
Illia foi um bom presidente, mas gerou revolta por parte do exército, que se dividiu em dois: azules e colorados. Os azules colocaram a frente, o general Juan Carlos Onganía, que instaurou a chamada Revolução Argentina.

O governo de Onganía foi conhecido por implantar um regime autoritário e marcado pela censura. O onganiato baniu a minissaia, o cabelo longo para os homens e, feriu e forçou diversos estudantes e professores da Universidade de Buenos Aires a deixarem o país, a ação é conhecida como a Noite dos Cassetetes.

Em 1970, a Junta de Comandantes em Chefe das três forças armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) resolveu substituir Onganía por Roberto Marcelo Levingston, um desconhecido militar argentino que ocupou a presidência por menos de um ano.

Levingston é destituído pela Junta de Comandantes e o general Alejandro Agustín Lanusse, homem forte da Revolução Argentina, assume a presidência. Em seus dois anos de governo, Lanusse propôs o “Grande Acordo Nacional” e convidou Juan Domingo Perón a retornar de seu exílio, em 1972, com a condição de que o ex-presidente não participasse das próximas eleições. Com isso, Perón se uniu a Héctor José Cámpora, que tinha como slogan de campanha a frase “Cámpora ao governo. Perón ao poder”. Cámpora venceu as eleições de 1973 com quase 50% dos votos.

Mais tarde, Cámpora renunciou e Raúl Lastiri ocupou o cargo interinamente entre julho e outubro, até que convocou uma nova eleição, que foi vencida pelo ex-presidente, o coronel Juan Domingo Perón.

A volta de Perón foi marcada pelo Massacre de Ezeiza. O evento é um dos acontecimentos mais controversos da história Argentina. Calcula-se que quase 300 pessoas foram feridas e 13 foram mortas durante o ataque, mas nunca foi realizada qualquer tipo de investigação por parte do governo argentino.

Em 1º de julho de 1974, o coronel Juan Domingo Perón morreu de enfarte aos 78 anos. A esposa do político, Maria Estela Martínez de Perón (popularmente chamada de Isabelita Perón), assume a presidência do país com o seguinte lema: “Assumi hoje. Peço a solidariedade dos argentinos e rogo a Deus que me conceda sua alta proteção”.


1976 (-1983): O último golpe

Em 24 de março de 1976, após a prisão de Isabelita Perón, a Junta Militar tomou o poder e dissolveu o Congresso, iniciando a ditadura mais violenta instaurada no país.

A Junta era composta pelos três comandantes-chefes das três armadas, o general Jorge Rafael Videla, o almirante Emílio Eduardo Massera e o brigadeiro Orlando Ramón Agosti, e inaugurou a etapa denominada como Processo de Reorganização Nacional, sendo chamado pelos militares de “salvação da nação”.
Discurso de posse de Videla:

As Forças Armadas não foram escutadas. Como consequência disto e prevendo a inexorabilidade da crise, prepararam para fazer frente a esta situação e as Forças Armadas, como instituição, deram uma resposta institucional a uma crise também institucional.

Crise econômica e a Copa de 1978

O regime militar foi um fracasso tanto na área militar quanto na econômica. Nos sete anos de ditadura, a dívida externa subiu de U$ 8 bilhões para US$ 45 bilhões e a pobreza pulou de 5% para 28%. O caos financeiro gerou um déficit fiscal de 15% no PIB.

Para manter a ordem, o militarismo viu no esporte a forma mais eficiente de tirar às atenções da população que antes estavam voltadas a economia precária do país. E apesar das constantes reclamações de violação aos direitos humanos feitas à Federação Internacional de Futebol (FIFA), a Argentina recebe, em 2 de junho de 1978, 15 seleções para a disputa da Copa do Mundo.

O evento apresentou falhas desde o início, começando pelos estádios que ficaram prontos em cima da hora e terminando com a polêmica vitória da seleção Alvi Celeste sobre o Peru por 6 a 0 – resultado que classificou a Argentina para a final e deu seu primeiro título mundial.

Mesmo com a conquista da Copa, as atenções ainda estavam voltadas a economia do país, que se afundava cada vez mais em dívidas. O orçamento inicial para a realização do torneio, que era de US$ 70 milhões, terminou em US$ 700 milhões – cerca de US$ 200 milhões a mais que a Espanha, organizadora do mundial seguinte.

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Fonte: Estadão.com.br - O ditador, Jorge Videla, celebra conquista da Copa do Mundo de 1978


Intervenção “divina”, Ilhas Malvinas e o fim da ditadura

O período em que a Argentina era governada pelo general Jorge Rafael Videla foi marcado pela repressão política e social. Os problemas econômicos, agravados por conta das decisões do Ministro da Economia, José Alfredo Martínez de Hoz, as violações aos direitos humanos e uma disputa territorial pelo Canal de Beglae com o Chile, que quase desencadeou uma guerra – contida graças à intervenção direta do Papa João Paulo II – fez com que a Junta Militar retirasse o general Videla da presidência e colocassem Roberto Eduardo Viola em seu lugar.

Viola ficou menos de um ano na Casa Rosada e teve de ceder o seu lugar a Carlos Alberto Lacoste.
Lacoste foi presidente interino por 11 dias e passou o cargo ao general Leonardo Galtieri.

Galtieri era conhecido pelo excessivo consumo de uísque e numa tentativa desesperada de distrair a população argentina dos problemas que o país enfrentava, decidiu invadir as Ilhas Malvinas.

Em 2 de abril de 1982, o exército argentino ocupou as Malvinas com a intenção de resolver seus problemas políticos. No início parecia possível, mas o governo subestimou o poder do exército britânico e confiou demais que os Estados Unidos – principal aliado da Grã-Bretanha – apoiariam a ação argentina.

O governo britânico, sob o comando de Margaret Thatcher, resolveu enviar uma poderosa frota para a ilha e após o fracasso nas mediações, os Estados Unidos não encontraram outra opção que não fosse apoiar seu principal aliado.

Galtieri controlava todas as informações relacionadas à guerra das Malvinas, fazendo com que a imagem passada a população fosse de triunfalismo – o contrário do que realmente acontecia.

A Argentina ainda tentou conseguir o apoio da URSS, ignorado pelos soviéticos, o que culminou na rendição ao exército britânico, em 14 de junho de 1984.
Quatro dias após o fracasso, Galtieri renunciou e a Marinha e as Forças Aéreas se retiraram da Junta Militar. Com isso, Alfredo Oscar Saint-Jean ocupou interinamente seu lugar até que o mesmo fosse ocupado por Reynaldo Bignone, único presidente que não pertenceu a Junta.

Sem ter para onde desviar os olhares dos argentinos, Bignone ficou pouco mais de um ano na Casa Rosada. Durante o período, o ditador ordenou a destruição de todas as provas que apontavam violações aos direitos humanos e ditou uma lei de pacificação nacional para beneficiar os membros das Forças Armadas.

Em 10 de dezembro de 1983, terminava o sexto e último golpe militar com Bignone entregando o governo a Raúl Alfonsín, primeiro presidente eleito após o retorno da democracia.

Números referentes ao período

Entre 1976 e 1983, os militares assassinaram cerca de 30 mil civis. Segundo declaração do ex-ditador Reynaldo Bignone, foram mortos “apenas” oito mil civis.

A Ditadura teria sido responsável pelo sequestro de 500 bebês e desde o final dos anos 70, as avós da Praça de Mayo localizaram e identificaram 95 dessas crianças, atualmente adultas.

Com o retorno da democracia, o governo argentino recebeu em torno de 10 mil pedidos de indenização por parte das famílias com parentes desaparecidos.

Mães da Praça de Maio fazem uma manifestação para se defender do escândalo de corrupção em dois de junho
Fonte: Veja.com.br - Associação das Mães da Praça de Maio



 MATÉRIA ESPECIAL:
Sequelas ditatoriais


Democratização. Esta é a palavra que Verônica Aravena Cortes, professora de Comunicação Social na Universidade Metodista de São Paulo, usa para caracterizar a luta de um país após passar por período ditatorial. Uma tarefa árdua para conquistar após 17 anos de ditadura, como no caso dos chilenos e quase 20 anos de ditadura argentina.

Segundo Verônica, após uma ditadura o país nunca terá novamente a consolidação democrática.

Mesmo que a sociedade nunca tenha sido homogênea, a presença de um regime autoritário e não-democrático em um país tende a desestruturar o equilíbrio entre divergências políticas e transformar essas diferenças em motins de guerra.

Augusto Pinochet era general do exército chileno, até que, com auxílio dos Estados Unidos, aplicou um golpe de Estado no Chile e tomou o poder do país em 1973. Reynaldo Bignone, ex-militar argentino e ex-presidente da Argentina, tornou-se presidente do país em 1982, após a saída de Leopoldo Galtieri, consequente da derrota do país para o Reino Unido na Guerra das Malvinas.

O futuro dos países estava nas mãos de dois militares sem cunho político, econômico e social para administrarem uma nação. Após assumirem a presidência dos países Américo latinos, de forma não-democrática, os dois presidentes cometeram atrocidades à população daqueles países.

Verônica explica que a situação econômica dos países “já não andava bem das pernas” e que os governos dos dois ditadores nunca conseguiram tomar as rédeas da economia.
 
Anos de crises, protestos populares e desestabilização econômica marcam a história e o futuro dos países.

Nos anos 82 e 83, 30% da população econômica ativa, no Chile, estava desempregada. Professores - exemplo de diversos funcionários do país - são contratados por pequenos períodos para que não recebessem os benefícios obrigatórios nas leis trabalhistas. “Com os sindicatos proibidos na década de 70, a classe trabalhadora já não tinha mais estrutura para se mobilizar” cita a professora lembrando que a população se via obrigada a aceitar os termos autoritários da ditadura.

Entre 1974 e 1987, o PNB (Produto Nacional Bruto) per capita do Chile caiu de US$ 3.600 para 3.170 em dólares constantes. Significando uma queda de 6,4% do PNB e um dos piores desempenhos entre os países da América Latina.

Em 1985, o então ministro das Finanças, Hermán Buchi implementa um programa de ajuste estrutural no país e, buscando recuperar o crescimento e estabilização dos preços chilenos, Hermán desenvolve o setor exportador do país. Após anos de desestruturação na economia, o país começa a retomar forças. A relação Exportações/PIB que era de 17% em 1980 chega a 40% em 2004.

Após o reajuste, o Chile sofre um crescimento contínuo. No período de 1983 a 2004, Chile foi o país da América Latina que mais cresceu, segundo dados do International Financial Statistics do FMI. O gráfico abaixo mostra as estatísticas do PIB do Chile, Brasil, México e Argentina neste período.


Fonte: Elaboração com dados do International Financial Statistics do FMI.

Hoje, a economia do Chile é composta pelos setores agrícola (trigo, aveia, cevada, milho, feijão, beterraba, alho, uva etc), pecuário (bovinos, suínos, ovinos e aves), industrial (alimentícia e metalúrgica) e mineração (manganês, chumbo e carvão).

Em 2010, o PIB (Produto Interno Bruto) do país era de US$ 256, 8 bilhões. Mas a desigualdade na distribuição de renda entre a população é enorme. E apesar de apresentar bom IDH, o país encontrava-se em 80º lugar na lista de países por desigualdade de renda – sendo o quarto pior na América Latina, em 2005.
 
Colocando o país em posição de distorção econômica ainda não superada pós-ditadura.
“O setor econômico realmente se superou, se diversificou, mas isso não se traduz na vida das pessoas”, complementa Verônica.

Como reflexo dessa situação, trabalhadores e estudantes tomam as ruas para cobrar melhorias. Em fevereiro deste ano, uma manifestação em Aysén, no sul do país, obrigou o atual presidente Sebastián Piñera interromper as férias para intervir com medidas que respondessem às expectativas dos manifestantes, no que se refere às melhorias nas áreas de saúde, educação e reajuste do salário mínimo.

Ainda neste ano, estudantes chilenos foram as ruas de Santiago para protestar contra os problemas na educação e o 39° aniversário do 11 de setembro no Chile, que marca o golpe militar que derrubou Salvador Allende, em 1973.

Já a economia argentina vive momentos tão desesperadores quanto a que vivia durante o período da Ditadura. Na época, os problemas financeiros geraram um déficit de 15% no PIB (Produto Interno Bruto) e uma dívida externa de US$ 45 bilhões.

Hoje, o país trava constantes batalhas com o FMI (Fundo Monetário Internacional), pois o Fundo não concorda com os números divulgados pelo governo argentino, que não permite revisões anuais na economia nacional.

Os problemas da Argentina com o FMI surgiram no governo de Néstor Kirchner em 2003. O ex-presidente acusava o Fundo de ser o principal responsável pela crise econômica no país. Mais tarde, a atual presidente, Cristina Kirchner, tentou uma reaproximação, mas em maio deste ano, o Fundo fechou seus escritórios no país devido aos constantes conflitos com o governo argentino.

Entre os problemas está a falta de precisão na divulgação de certos valores econômicos, como o PIB e a Inflação. O governo prevê que o país terá um crescimento de 3,4% no PIB este ano, enquanto a consultoria argentina, Orlando J. Ferreres e Associados, afirmam que o crescimento será de apenas 0,1%. Sobre a inflação, o governo de Cristina Kirchner registra 10%, enquanto economistas argentinos apontam que o valor deve ultrapassar os 25%.

A falta de investimento em infraestrutura e o calote na dívida externa foram os principais motivos para o deterioramento da economia argentina. Entre 2007 e 2012, a inflação acumulada, em dólares, foi de 104%. Com isso, a agência de classificação de risco, Moody's, rebaixou o rating da Argentina de "estável" para "negativo".

Todas essas medidas adotadas pela presidente não tem agradado à população, que, constantemente, tem organizado protestos contra as políticas de Kirchner. A mais recente, aconteceu em 20 de novembro de 2012, em Buenos Aires. Manifestantes tomaram a capital do país exigindo aumento do salário mínimo, redução da carga tributária e combate à inflação. O protesto parou os serviços de bancos e transporte e foi organizado pela frente sindical Central Geral de Trabalhadores (CGT), comandada por Hugo Moyano, líder dos sindicatos dos trabalhadores.

A presidente argentina, Cristina Kirchner, não age apenas de forma autoritária. Ela comete erros semelhantes aos cometidos pelo governo Videla e Galtieri (Copa de 78 e Guerra das Malvinas). Ambos os governos apresentam resultados irreais e imprecisos (Argentina vencendo a Grã-Bretanha, quando na verdade ocorria o oposto, e a questão do PIB atual sendo divulgado como se tivesse crescendo mais do que os economistas do país afirmam) manipulando os meios de comunicação e consequentemente, deixando a população e o resto do mundo desinformados da real situação do país.

Além disso, Kirchner também instituiu barreiras para as importações, intensificando o protecionismo argentino. Entre os produtos estrangeiros afetados por essa medida estão os remédios (inclusive oncológicos), livros e pneus. O ramo industrial também é atingido pelas novas medidas. O governo bloqueou a entrada de máquinas que produzem pipoca, importadas dos EUA, Rússia e China. Essa atitude reflete nos espaços de lazer, como por exemplo o cinema, que tem a pipoca como um dos pilares de sustentação. Sem a venda do alimento, as entradas ficariam 50% mais caras no país.

Apesar da crise no setor econômico, o governo argentino mostra-se um bom exemplo quando se trata de punir os antigos opressores do país. Foram condenados mais de 200 militares e civis ligados as atrocidades cometidas durante o regime militar, entre 1976 e 1983.

Em 1983, assim que tomou posso, Raúl Alfosín criou a Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (Conadep) que em pouco mais de um ano obteve informações suficientes para realizar duas mil denúncias.

Durante o governo do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) foram intensificadas as ações para reparar os erros cometidos durante a Ditadura Militar, o que pôs fim às chamadas leis de impunidades aos acusados de crimes durante o período. Em 2010, Cristina Kirchner assinou um decreto que obrigava as Forças Armadas a divulgarem os arquivos que continham informações sobre a sua atuação durante a ditadura.


Cobertura: Manipulação durante a Guerra das Malvinas e os abusos do governo Kirchner

Durante a Guerra das Malvinas, o governo manipulou diversos veículos para que fossem divulgadas apenas informações que achassem necessárias. A ideia era de esconder da população as falhas do exército durante a invasão da ilha e publicar relatos contrários aos que condiziam com os verdadeiros acontecimentos.

Ao longo da disputa pelas Ilhas Malvinas, a ATC (atualmente TV Publica) constantemente divulgava a frase: “Vamos ganhando”. O slogan “Argentinos a vencer” era repetido diversas vezes durante a programação.

Pouco tempo depois, o exército argentino se rendeu ao exército britânico. Os jovens soldados argentinos sofreram abusos por parte das Forças Armadas de seu próprio país, ficando dias sem comida, torturados e até mesmo enterrados vivos. Mas a pedido do governo, os veículos de informação não divulgaram esses abusos durante o breve período em batalha.

“A corrupção no país era tão grande, que o governo desviava até mesmo chocolates que familiares enviavam aos soldados de guerra para o comércio. A população descobriu que isso acontecia, pois quando iam comprar chocolates, roupas e alguns suprimentos, encontravam cartas (as famílias costumavam guardar cartas dentro dos presentes) escritas para estes soldados envoltos a esses produtos. A Argentina perdeu e depois se soube que os jovens viviam em condições precárias para a guerra”, conta Verônica.

Mesmo com a interferência direta do governo na cobertura das informações divulgadas sobre a Guerra das Malvinas, a crise política agravou e a grave falha cometida sob a gestão de Leopoldo Galtieri deu forças a oposição no combate a Ditadura e o reestabelecimento da democracia no país.

Atualmente, cerca de 80% dos canais de televisão, rádios e jornais são controlados pelo governo argentino, apenas o Canal 13 (controlado pelo grupo Clarín) pode ser considerado independente.

Em seus 142 anos de história, o jornal argentino La Nación foi fechado cinco vezes pelo governo argentino – última vez em 1901. Independente e liberal, o jornal é contra o peronismo e por conta desses fatores é constantemente atacado.

Por medo de perder essa independência que os dois veículos sempre tiveram, o dono do jornal La Nación, Bartolomé Mitre, uniu forças com o principal rival - o Clarín - para combater a censura do governo Kirchner.

Em entrevista a revista Veja, Mitre fez duras críticas ao atual governo e o comparou ao governo venezuelano, onde segundo ele, há uma falsa democracia e violação dos direitos a liberdade de expressão.
Nem o governo de Perón e a ditadura militar foram tão longe”, afirma Mitre.

Mas segundo Verônica, Cristina Kirchner não é uma ditadora. “Não dá para dizer que ela tem medidas ditatoriais, ela toma medidas autoritárias. Ela é de uma linha autoritária”, afirma a professora.

Fonte: Veja.com.br - Jornal La Nación destaca o conflito com o  governo por conta da Lei de Mídia


Cobertura: Em meio a vaias e aplausos, Pinochet deixa governo chileno

Fonte: Acervo da Folha


No dia 11 de março de 1990, o advogado Patrício Aylwin Azócar, 71, assume democraticamente a presidência do Chile, após o período de ditadura que atingiu o país.

 “Faremos o humanamente possível para criar caminhos de liberdade real a todos os chilenos. Não queremos presos políticos no Chile. O Chile quer paz”, diz Aylwin em seu primeiro discurso público, na Cerimônia de posse que durou cerca de 30 minutos.
 
A cerimônia, que aconteceu no Congresso Nacional em Valparaíso, foi acompanhada pelo enviado especial da Folha, Claudio Camargo, que publicou sua matéria no dia seguinte no jornal brasileiro.

Estavam presentes os presidentes José Sarney (Brasil), Carlos Saúl Menem (Argentina) e Luís Alberto Lacalle (Uruguai) – os nomes não são citados na reportagem – e representantes diplomáticos.

Após quase 17 anos de governo autoritário regido por Augusto Pinochet, os chilenos recebem o novo presidente que promete mudanças e a pacificação do país.

Pinochet também estava presente na posse de Aylwin com uniforme de gala e a faixa presidencial, como descreve o jornalista. Ao chegar, o ex-presidente causou diversas reações na plateia. Foi aplaudido e vaiado ao mesmo tempo pelos presentes, e o senador Edward Kennedy ao menos se levantou enquanto o general se dirigia ao palanque.  Edward era um dos muitos críticos da ditadura chilena e de seu governante.

Ao contrário de Pinochet, o novo presidente foi ovacionado durante sua chegada. O ex-presidente retirou a faixa que vestia e a entregou ao secretário, que entregou a Aylwin como protocolo. Ao tentar colocar a Insígnia da Republica, Pinochet foi impedido pelo presidente que pegou de suas mãos e colocou em si mesmo o símbolo em sua faixa. Após mais um ato de reprovação, Pinochet se retirou do evento em meio a vaias e gritos de “assassino”.

Após a posse, o presidente chileno desfilou por Santiago onde, em meio a manifestos de comemoração, a multidão invade os jardins do Palácio Presidencial de La Moneda e são expulsos sob gás de pimenta lançados pela polícia.

Na mesma página, a cobertura sobre a posse do novo presidente é acompanhada por duas reportagens ligadas a vida de Patrício e a Cerimônia: “Posse é ponto culminante de Aylwin” e “Presidentes evitaram ver Pinochet”.

A reportagem sobre o evento é apenas um relato do acontecido pelo jornalista. Já as outras duas reportagens mostram o positivismo do povo chileno ao novo presidente e a reprovação a Pinochet não só pelos chilenos, como por outros países.

O veículo faz com que um acontecimento histórico, como a posse de um novo presidente após tantos anos de ditadura, seja compartilhado com os milhões de brasileiros que não puderam presenciar o envento, mas estavam "ligados" ao que acontecia com o Chile

“Pinochet deixa o governo sob aplausos e vaia”, Folha – Segunda-feira, 12 de março de 1990.

Obras que retratam o período argentino

Fonte: Editora Contexto


Governos Militares na América Latina é um livro de Osvaldo Coggiola, de . A obra retrata os problemas enfrentados na Argentina, Chile e Brasil com o Regime Militar.

Fonte: Cartamaior.com.br

A História Oficial é um filme argentino de Luis Puenzo, feito em 1985 – dois anos após a queda do Regime Militar – e conta a história de um casal, Roberto (que mantém relações com a elite corrupta) e Alicia (professora de história) e de sua filha adotiva, Gaby. A família recebe uma amiga recém chegada do exílio e que sofreu com a ditadura. Após o contato com a amiga, Alicia começa a questionar a chamada “História Oficial” que passa aos seus alunos e a identidade dos pais biológicos de sua filha.

Obras sobre o período chileno

 Fonte: Site Oficial do longa

O longa 'NO' conta a história do movimento contra a reeleição de Augusto Pinochet, no plebiscito de 1988 para presidência do Chile. Dirigido por Gael García Bernal em parceria com o diretor Pablo Larraín. Assista o trailer aqui: http://www.youtube.com/watch?v=L43ZTdVozLQ&feature=player_embedded

 Fonte: Folha.com

Livro abre debate contra a legalidade autoritária e aspectos ilegais das ditaduras militares de três países da América Latina: Brasil, Chile e Argentina. De Anthiny W. Pereira, 2010.



 Fonte: Livraria Folha
 
Heraldo Muñoz, diplomata e opositor da ditadura chilena, lança livro em 2010 que relata e analisa memórias políticas do país sob o poder do ditador Pinochet e sobre todo o seu mandato e mudanças no país.


Referências:

GOSSENS, Salvador Allende – 1971.

LIEUWEN, Edwin. Arms and politics in Latin America. Nova York. 1960, p. 169.

CORVALÁN, LUÍS. A revolução chilena: a ditadura fascista e a luta para derrubar e criar uma nova democracia. Texas: Edições Avante! 1978, p.16

SALVADOR ALLENDE E O MITO DA ESTABILIDADE CHILENA. Disponível em: <http://www.revistaintellector.cenegri.org.br/ed2007-06/anacristina-2007.pdf.> Acesso em: 5 nov.2012.


ÚLTIMO DISCURSO DE SALVADOR ALLENDE. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=9NUhwJ0ZboM>. Acesso em: 15 nov.2012.


CHILE. Disponível em: <http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI6141384-EI8140,00-Chile+protesto+lembra+anos+do+inicio+da+ditadura+Pinochet.html>. Acesso em: 15 nov.2012.


A DEZ ANOS DA DETENÇÃO PINOCHET. Disponível em: <http://www.miradaglobal.com/index.php?option=com_content&view=article&id=919%3Aa-10-anos-de-la-detencion-de-pinochet&catid=27%3Apolitica&Itemid=74&lang=pt>. Acesso em: 15 nov.2012.


DITADURA CHILENA. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historia-da-america/ditadura-chilena.htm>. Acesso em: 22 nov.2012


CHILE: A DERRUBADA DA DEMOCRACIA. Disponível em: <http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/chile_golpe.htm>. Acesso em: 22 nov. 2012.

FAUSTO, BORIS. Brasil e Argentina: um ensaio de história comparada,1850-2002. São Paulo: Editora 34, 2004, p.308.
 

DITADURA. Disponível em: <http://blogs.estadao.com.br/ariel-palacios/ditadura-argentina-a-mais-sanguinaria-da/>. Acesso em: 13 nov. 2012.


DITADURA. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/ditadura-na-argentina/>. Acesso em: 13 nov. 2012


DITADURA. Disponível em: <http://ijnet.org/pt-br/blog/projeto-de-jornalismo-de-dados-pretende-mapear-desaparecidos-da-ditadura-argentina>. Acesso em: 13 nov. 2012


DITADURA. Disponível em: <http://www.blogdacomunicacao.com.br/a-atual-imprensa-argentina/>. Acesso em: 13 nov. 2012


DITADURA. Disponível em: <http://portalimprensa.uol.com.br/noticias/livros/54739/instituto+vladimir+herzog+lanca+livro+sobre+resistencia+a+ditaduras+na+america+latina>. Acesso em: 13 nov. 2012


GOLPES. Disponível em: <http://www.me.gov.ar/efeme/24demarzo/golpes.html>. Acesso em: 13 nov. 2012


DITADURA. Disponível em: <http://www.portalplanetasedna.com.ar/golpe76.htm>. Acesso em: 13 nov. 2012


GOLPE. Disponível em: <http://html.rincondelvago.com/golpe-de-estado-de-1976_1.html>. Acesso em: 13 nov. 2012


ARGENTINA. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/059/59priori.htm>. Acesso em: 14 nov. 2012


PERÓN, Juan Domingo Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/biografias/juan-domingo-peron.jhtm.> Acesso em: 14 nov. 2012


PERONISMO. Disponível em: <http://blogs.estadao.com.br/ariel-palacios/o-peronismo-por-si-proprio/.> Acesso em: 14 nov. 2012


PERÓN, Juan Domingo Disponível em: <http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19740630-30447-nac-0001-999-1-not/busca/Peron>. Acesso em: 14 nov. 2012



Grupo 10 - Bárbara Libório
                  Heros Oliveira
                  Fernanda Barbosa
                  Fernanda Ferreira
                  Laiza Aldana
                  Maísa Correia

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